Frequentemente há notícias a respeito de novas emissões de cotas de fundos. Os fundos buscam vender mais cotas no mercado com o intuito de levantar mais dinheiro.
Mas esses recursos são utilizados para o quê? Será que os fundos que tomam tal atitude, buscam reduzir suas dívidas? Se você busca conhecer mais sobre a emissão de cotas de fundos, acompanhe o nosso artigo.
Entenda o que são emissão de cotas
Nem sempre um fundo de investimento consegue crescer somente com os ganhos provenientes de seus investimentos, muitas vezes, para crescer, o fundo busca vender mais cotas no mercado.
Ao vender mais cotas no mercado, o fundo cresce por meio dos recursos que entram e os investidores que já tinham cotas, acabam tendo a participação diluída. Caso os cotistas entrem na nova emissão, é possível permanecer com a participação, desde que o investimento seja proporcional.
Os recursos que são levantados com a nova emissão de cotas podem ser utilizados para diferentes objetivos. Desde a compra de novos investimentos, até a utilização dos valores para cobrir despesas do fundo.
Ou seja, nem sempre o fundo que está vendendo mais cotas no mercado está oferecendo uma boa oportunidade de investimento.
Tipos de ofertas
Dentro das ofertas que podem ser feitas pelos fundos existem duas. Uma é a pública e a outra é a restrita.
Pública
Quando a oferta de novas cotas é pública, todos os investidores, inclusive aqueles que não são investidores, têm a oportunidade de participar da oferta.
É comum que os cotistas do fundo recebam o direito de subscrição. Esse direito dá uma oportunidade de comprar mais cotas por um valor menor a aquele que será oferecido para os outros investidores que não são cotistas.
Restrita
A oferta restrita, como o próprio nome já diz, se trata de uma oferta feita somente para alguns investidores, ou para aqueles que possuem patrimônio maior.
Normalmente na oferta restrita os investidores que têm oportunidade de participar são aqueles considerados profissionais. Os investidores profissionais são aqueles que possuem patrimônio de 10 milhões devidamente certificados.
Vale destacar que esse tipo de oferta não exige análise da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Portanto, há menos burocracia, mas também pode haver mais riscos.
Inclusive, após a conclusão da oferta, eventuais negociações das cotas do fundo só podem ser feitas por investidores profissionais pelo tempo de 18 meses após o encerramento da oferta.
Quem faz o controle entre os investidores profissionais e aqueles que não são, são as corretoras de valores mobiliários.
Direitos de Preferência
O direito de preferência é o direito de subscrição. Quando um fundo está para lançar novas cotas, os investidores que já possuem cotas podem acabar tendo a participação diluída.
Ou seja, se o investidor tinha 1% do fundo, é possível que após a venda das novas cotas, essa participação fique em 0,9%, ou até menos (dependendo da quantidade de cotas que serão vendidas).
Uma forma de ser justo com aqueles que são cotistas é dando o direito de preferência. Assim, ao invés de desembolsar o valor que qualquer investidor terá que investir para participar, os cotistas recebem o direito e possuem condições melhores para participar.
O valor do investimento, por meio do direito de preferência, é menor e assim, o investidor poderá, com mais facilidade, manter a sua participação.
Por exemplo: um fundo que pretende lançar mais cotas no mercado, já possui um total de 1.000 cotas negociáveis. Assim, serão lançadas mais 100 cotas.
Ou seja, se um cotista possui 100 cotas, para manter a proporção, ele terá que comprar mais 10. Então, observando que o cotista já possui 100 cotas, o fundo vai oferecer direito de preferência para aquisição de mais de 10 cotas.
O valor da oferta é de R$ 100,00 por cota, mas com o direito, o investidor poderá exercer direito pelo valor de R$ 90,00.
Assim se torna mais interessante exercer o direito e adquirir as 10 cotas, comprando as cotas por um preço abaixo do mercado e permanecendo com a participação no fundo.
Por quais motivos um fundo emite novas cotas?
Um dos motivos mais comuns é para realizar novos investimentos. Então o fundo já possui uma carteira e está planejando comprar novos ativos e aumentar o seu tamanho.
Esperar que a carteira gere resultado suficiente para fazer novos investimentos pode levar tempo, por isso, há possibilidade de fazer uma nova oferta de cotas ao mercado se tornar uma opção viável.
Em uma situação onde o fundo busca crescer, fica a critério do investidor avaliar se é interessante ou não participar. Quando o fundo capta recursos para fazer novos investimentos, a participação no fundo é diluída, mas a rentabilidade nem sempre será afetada.
Isso acontece porque o fundo pode manter os ganhos, ou até aumentar eles com os novos investimentos. Por isso, os ganhos podem permanecer os mesmos.
Por outro lado, há fundos que sofrem com perdas pontuais e podem estar buscando em uma nova subscrição de cotas a chance de absorver parte das perdas e manter certo nível de liquidez.
Um bom exemplo disso é o fundo XTED11. Em setembro de 2022, o fundo imobiliário XTED11 fez uma nova oferta pública para levantar um valor próximo aos 675 mil reais.
Essa oferta pública tinha como objetivo, levantar recursos suficientes para custear a operação do fundo até meados de 2023. Ou seja, os valores não serão usados para novos investimentos, mas sim, para manter o fundo.
Em outras palavras, não há ganhos evidentes nessa prospecção de mais dinheiro. Sem dúvidas, o investimento em um fundo assim, dificilmente vai gerar ganhos, ou será vantajoso ao investidor, pelo menos não no curto prazo.
Observando os motivos pelos quais um fundo pode ir ao mercado à procura de mais dinheiro, é importante que o investidor fique atento.